sexta-feira, 13 de setembro de 2019

A meia entre Buda e Peste



A 5 de setembro (quinta feira), levantamos cedo e rumamos ao Aeroporto do Porto.
Estavamos na fila para a habitual revista e damos de caras com os nossos amigos Sanfins.
Mas que coincidência!
Nós, lá íamos preparados para, mais uma vez, dar corda ás sapatilhas e, suarmos na estranja; eles (os homens), preparados para se sentarem nas bancadas de Monza para apreciarem os bólides de F1 e, o elemento feminino preparado para passear pelas ruas de Milão e arredores.
Bate papo para fazer horas com um pinguinho para acompanhar,


                  Com os nossos amigos Sanfins (a Lagartixa também não faltou 😁)

Despedidas feitas e, cada qual para o seu destino.
Ah, e qual era o nosso destino desta vez?


As hipóteses são muitas, não são?
Pois, mas desta vez aterramos em Budapeste.
Chegamos com tempo quente, viagem no BUS 200, metro e hotel.
Já não estávamos habituados a fazermos contas ao câmbio e, aqui, é só contas de cabeça.
O florim vale pouco e, tudo custava milhares!
Visita á cidade na sexta (é imponente, muitas obras de reconstrução, muitos sem abrigo e, muito turismo e ainda se nota bem a pobreza do antigamente).
Ok, passemos á frente que o nosso "trabalho" é outro.
Ah, mas afinal o que nos trouxe até cá?

- 34ª Wizz Air Budapeste Half Marathon
- domingo, 8 de setembro
- 8 horas

Sábado lá fomos levantar os dorsais ao local de partida.
É uma Universidade (Eotvos Lóránd University) que fica em Buda (margem direita do Danúbio).
Aí chegados, entramos no átrio da tal Universidade e, ficamos admirados pois só tinham uma banca para entrega de dorsais, a habitual feira, .......... nada.
Ok, é assim, assim seja.


                                  Teresinha e Mike exibindo os seus dorsais da meia de Budapeste

Deram um saco plástico (!) com os dorsais e a camisola.
Camisola fraquinha, fraquinha.
Á saída tínhamos de passar o chip do dorsal numa máquina que acusava num ecran o nosso nome.
No amplo jardim, apenas quatro tendas referentes á prova.
Mas, isto é mesmo assim?
Nunca vi nada tão pobrezinho mas, siga.



                     
Á noite fomos jantar a nossa habitual pasta ao Vappiano (cadeia italiana), restaurante que muito apreciamos, mesmo junto ao nosso hotel.
E, quais as expectativas para a prova?
Dizer nenhumas é uma exagero mas, eram bem poucas.
Depois de um mês de agosto a levantar bem cedo para treinar (para fugir ao calor), eis que sinto uma dor na coxa direita que me deixa impossibilitado de correr. E, isto a 15 dias desta prova.
Lá fui eu ao Paulinho que, com as suas mãozinhas milagrosas me tratou, dando-me o veredito para  a tal dor: mialgia de esforço.
Pois, aumentamos a carga e, o músculo cedeu.
Ok, paragem total de 8 dias, tratamento e, vamos lá ver se dá para fazer a meia de Budapeste.
A verdade é que recuperei rápido mas, parti para esta prova com apenas dois treinos (curtos).
Ah, agora com o aumento da carga tenho de espaçar mais os dias de treino para poder recuperar. É a vida,........... quando se vai pra velhinho, temos de ter mais cuidado, não é? 😜
Portanto, depois de todo este "relambório", que esperar da prova?
Fácil: apenas terminar.
Só isso.
Ir nas calmas, desfrutar e, pensar só em terminar.
Ok.
Ah, nesta prova, tínhamos, digamos assim, três tipos de concorrentes:
- os que faziam a meia maratona
- o chamado relay de 2, ou seja, dois atletas, em estafeta, faziam 10,5k cada um
- relay de 3, ou seja, três atletas, em estafeta, faziam 7k cada um
Vamos lá descansar pois, como a prova inicia ás 8 horas, temos de levantar bem cedo.
E levantamos: 5horas e 25 da manhã!
Comer o habitual, dar tempo para ir á sanita (quem corre sabe que é bem necessário e alivia física e psicológicamente) mas, desta vez, bem me esforcei mas, não consegui.
É, não consegui fazer aquilo que só eu posso fazer por mim.😊
Bom, deve ser de ser tão cedo ainda.
Bom, vamos lá então.
Logo á saída do hotel tínhamos a paragem do tram. Já lá estavam os nossos colegas de corrida e, claro, aconteceram logo, como dizer, aquela troca de olhares, tipo "ah, tu também vais correr?".
Lá aparece o 4 e, num ápice, fica completamente cheio de atletas.
15 minutos de viagem e estamos todos a saír após a ponte Petoli Hid (ai, gosto é destes nomes em húngaro 😏)
Amplo jardim e já estamos na partida.
Ah, como é possível?
Ontem apenas quatro tendas aqui, hoje temos "n" tendas implantadas neste jardim!
Grande ambiente e lá fomos guardar o saco no guarda roupa.
Mas, o que nos esperava?


                           Aqui temos o itinerário entre as margens do Danúbio


Lá fomos aquecer e, ok, sentia-me bem, levezinho, apenas tinha uma preocupação: na casa de banho
nada fiz, vai-me dar a vontade na prova?
Enfim,.....
Lá fomos aquecer e entramos na nossa caixa (a nº3 com tempos entre 5:30 e 6:00m/k)


                                     Cá estamos nós prontos para mais uma meia

Bem estive atento mas não encontrei ninguém a falar português.
A caixa fica cheia e a hora aproxima-se.


                                             Para descontrair, uma makakada 😏

8 horas.
A partida é dada por fases, entre as caixas com dois minutos de espera.
Aí vamos nós.
Temperatura de 16 graus e céu nublado.
Bom, mesmo bom para correr.
Começamos nas calmas, sem stress.
Margem direita do Danúbio em ritmo bem confortável.


                  Logo, logo, depois da partida, curva á esquerda para a margem do rio Danúbio

Já ao K4 tínhamos abastecimento: água a copo!
Irrita-me esta água a copo. É difícil de beber em corrida e desperdiçamos muita água mas, tudo bem.
K5 já esta.
Olho para o relógio e vejo, 28:58
Ah, afinal está a correr bem.
Tudo dentro do normal.
Bandas de música iam dando ambiente e festa.


      Não faltava animação (e, nesta foto fomos "apanhados" de costas) 😃

Público?
Até agora, muito pouco.
Razões: quem se levanta ás 8 da manhã para ver uma corrida?
E, mais: estávamos a correr mesmo junto ao rio numa cota inferior á estrada dita normal.
Fiz-me entender?
Não?
Ok, então aqui vai uma foto para entenderem,


                           Prova práticamente sempre á cota mais baixa junto ao rio Danúbio

Siga.
K10 aparece rapidamente e continuamos a andar nas calmas.
Tempo: 58:28
Muito bem para quem esteve lesionado não tá mal e, o músculo continuava ok.
Ah, uma cena interessante: na passagem do testemunho do relay2, vinha um dos atletas com o dorsal na mão para o passar á sua colega e, esta , logo que o viu, em vez de correr ao seu lado para agarrar no dorsal, correu de frente para ele! Resultado? Choque frontal e quase que se espalhava no chão!
Bom, já estamos na ponte Margarida para passarmos para a ilha e, aí já temos moldura humana.
Ah, de repente sinto uma coisa estranhíssima: passavam por mim atletas a "alta" velocidade.
Como é possível? Então, vimos aqui todos no mesmo ritmo e aparecem este ovnis a 100 á hora?
Só depois é que me lembrei. Ah, só os fresquinhos do relay2 que iniciaram agora e vão com o "fogo no rabo".
Esta ilha no meio do Danúbio é só jardins e para aqui vêm muitas famílias para lazer e é o local de exercício físico.
Volta á ilha (sempre com abastecimentos de 4 em 4K agora com água, banana, bebida isotónica e queijo), nova ponte e já estamos na margem direira do Danúbio.
Sentia-me mesmo bem que até dava para desconfiar.
Levei várias vezes a mão ao bolso, sentia o meu gel e pensava: "queria mesmo tomar mas, será que me vai dar volta á barriga?". É melhor jogar pelo seguro. Não tomo.
K15 com 01:28:12
Na margem direita já estamos em Peste.
K15, 16, 17 (ao passar na ponte mais famosa de Budapeste, a chamada Ponte das Correntes) e, continuava sempre com o mesmo ritmo.
Continuava, dizia eu.
Pois é.
A partir do K18 senti logo as pernas mais pesadas.
Ah, isto estava a correr tão bem!
Ok, nada de stress, vamos terminar que é o mais importante.
Ainda olhei (e ouvi) bem para a música que nos era dada para ganhar energia mas, ........ nada.


                                           Eles bem puxavam por nós

Atravessar a ponte para Peste novamente e já estamos na reta da meta.
Ainda consegui acelerar um pouco (o baú das forças ainda lá tinha uma réstia de energia), e pronto, já tá.
Grande túnel depois da meta e recebemos medalha, garrafa de água de 1.5 litros (nunca me tinham dado uma garrafa tão grande!), bolachas, barras energéticas,"n" brindes.


                                                  Mais uma para a coleção 😅


Lá fomos mudar de roupa e, reparei numa curiosidade: muitos atletas tinham vindo para a prova de bicla.


                              Depois de correr no asfalto, pedalar (não era para aquecer, não)

Estranhamente (ou não), estava mesmo bem: nada me doía e a mialgia da perninha não apareceu.
Ah, e a medalha é bem bonita.
Aqui vai,

                                                    Muito suor para conquistar esta linda medalha


Tram novamente (repleto de atletas) e, já estamos no Hotel para um retemperador banho.
E pronto.
É tudo.
Tudo, é como quem diz, faltam os finalmentes.

- Terminaram 5048 atletas
- Teresinha, tempo de 02:06:38, lugar 3571 na geral e no seu escalão, W60, 9º lugar
- Mike, tempo de 02:06:40, lugar 3572 na geral e, no seu escalão M60, 70º lugar

Descobri que afinal não éramos os únicos portugas na prova.
Assim, correram 26 portugas, tendo a Teresinha terminado no lugar 18 e Mike no lugar 19
A esmagadora maioria pertencia ao grupo "Correr Lisboa"
- Vencedor: Loran Cheruiyot do Quénia com 01:04:56
- Vencedora: Zita Kácser da Hungria com 01:14:47
Agora sim, agora é tudo.
Vamos lá treinar (muito) para a meia do Porto a 15 de setembro.
Bjs e abraços para todos
MIKE
2019.setembro













4 comentários:

  1. Opps! Estava deliciado a ler esta crónica numa cidade que já lá estive e achei muito bonita e, de repente, deparo-me com a palavra continua...
    OK, é para testar a paciência :)
    Fico a aguardar o resto :)
    Um abraço

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  2. Caro João,
    Afinal não és só rápido a correr.
    Também és rápido a aceder á crónica. :)
    Já tá terminada.
    Gr abraço
    MIKE

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    1. Eh eh eh. Fui apressado...
      Falando da continuação, alguns pontos:
      - O terem corrido na cota baixa terá sido para aliviar o trânsito?
      - Muito me ri com o choque frontal!
      - Garrafa de litro e meio?!? Eh lá, isso é que é hidratar!
      - Que bonita medalha!
      Mas o mais importante: Muitos parabéns ao casal pela Meia e que agora tudo decorra pelo melhor para aquilo que faltam 51 dias... :)
      Grande abraço!

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  3. Caro João,
    Sim, conseguiram ter uma meia na cidade sem interromper o trânsito. Aliás, as pontes tinham três faixas, duas ocupadas por nós e a outra pelos automóveis, ou seja, o trânsito nunca foi interrompido.
    Quanto á preparação para a maratona não sei se vai ser possível recuperar o tempo perdido. Se não fôr possível, tranquilo, tentaremos para o próximo ano.
    GR abraco
    Mike

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