terça-feira, 13 de março de 2018

Meia maratona de Lisboa: e o Félix apareceu !!!




Não sei o que se passa comigo mas, correr em Lisboa tem dado malapata.
É verdade.
Em outubro de 2016 prontos para a meia maratona Rock and Roll, no dia da prova Teresinha acorda com tonturas e, ficamos no Hotel a vê-los passar 😒
Agora,Teresinha e Mike inscritos para a meia. Teresinha adoece (está parada desde dezembro.2017) e, faz a viagem para Lisboa apenas para me acompanhar 😞
O Félix, esse malandro grande ativista de tempestades, resolve aparecer e obriga a organização a cancelar a partida da margem Sul, ou seja, a travessia da Ponte 25 de Abril fica cancelada devido á perigosidade do vento na ponte. 😟
Como dizia o outro, "que mais me irá acontecer '"
Pois é.
Sábado, 10 de março abalamos rumo á capital.
Alugamos um apartamento mesmo ao lado do Palácio de Belém (para quem conhece foi na rua atrás do restaurante/café Versailles), ali mesmo ao lado do Marcelo e da meta.
Ah, vou fazer uma confidência: O Marcelo bem insistiu para que fossemos jantar com ele ao Palácio mas, o descanso impunha-se e declinamos o convite para grande tristeza do PR 😁
Chegados, arrumadas as maletas, rumamos de imediato ao Centro Cultural de Belém para levantar os dorsais.
O tal Félix (o homem das tempestades) já a nos avisar o que aí viria pois, já no sábado, nos estava a brindar com um vento forte, cortante e frio.
Levantamento rápido do dorsal e umas meninas a explicarem a mudança da partida para Sete Rios.


                                              Mike preparado para competir em Lisboa

Descanso, jantar e vamos lá tratar do equipamento para que nada falte.


                                               Tudo direitinho para que nada falte

Domingo seria o grande dia.

- 28ª meia maratona EDP de LISBOA
- 11.março 2018
- 10H30

Noite mal dormida (é sempre assim antes das provas) e alvorada ás 06:50
Teresinha também se levantou e equipou.
Saímos de casa ás 8 horas e vou para a paragem do autocarro 752
Aí vem ele.
Despeço-me da Teresinha.
Teresinha, depois de muitos e  muitos dias de paragem iria aproveitar para fazer um treininho (informou mais tarde que fez 50 minutos de corrida).
Entro no autocarro, confirmo com o motorista e, diz-me ele: "não, hoje o transito está fechado na marginal e o percurso é diferente"
Ai, ai, ai, ai, isto está a correr mal, penso eu.
"Ok, então diga-me onde tenho que sair", peço eu já a pensar na minha odisseia para chegar a Sete Rios.
Vejo lá atrás um atleta e, claro, vou ter com ele, meto conversa (um lisboeta de gema pelo sotaque) e digo-lhe que vou com ele para não me enganar no percurso.
Cais do Sodré, metro, mais metro e já estamos em Sete Rios.


                                           O meu cicerone que me guiou até Sete Rios

14 graus de temperatura e um sol "envergonhado"
Rumo para o local de partida, passo por três filas de seguranças (até detetor de metais tinham) e já estou em cima de um viaduto onde seria a partida.
Era cedo, faltava 1 hora e 15 minutos para a partida mas já havia muita gente.
De repente, nuvens no céu e uma carga de água aparece com um vento fortíssimo.
Abrigo-me atrás de um WC portátil esperando que passe.
O saco de lixo que levei bem jeito me deu para me proteger.
Sol novamente.


                                                  No local da partida em Sete Rios

Aqueci um pouco e a multidão de atletas é cada vez maior.
Como fui cedo fiquei bem perto da partida.
Um inglês (de York) mete conversa comigo.
Disse-lhe que já tinha estado em York (ele ficou admirado) e, lá estou eu a tentar convencê-lo a fazer a meia do Porto. 😊
Como estava sozinho pensei para comigo "ora, já tenho companhia para fazer esta prova", então perguntei-lhe: "quanto tempo fazes?
Resposta: "1 hora e 40"
Já era.
Nem lhe disse nada.


                                                             Mike e o atleta de York


Faltam cinco minutos para a partida e, não sei como, olho para os meus calções e reparo que os tinha vestido do avesso!
Minha nossa, ando mesmo trengo!
Não, assim é que não vou com eles, não.
Estiquei o saco do lixo o mais que podia e, mudei ali mesmo.


                                         Todos preparados para a partida em Sete Rios

Partida.
Aí vamos nós
Descida do viaduto (dá jeito para "aquecer" os motores), siga sempre em frente, subida, descida e já estamos com 5 km feitos ao chegarmos a Alcântara (mesmo ao lado e por baixo da ponte 25 de abril).
Sentia-me bem (média de 05:38)
Viramos á esquerda e continuo tranquilo.
Aos 7,7 km viramos na direção contrária (no Cais do Sodré).
Agora é que eram elas!
A tempestade Félix estava atenta a não facilitou.
Um vento forte contra se começa a sentir.
Detesto vento de frente e muito calor.
Agora tinha vento.
Só.
Mas chegava.
Se chegava!
Começo a lutar contra um muro.
Sinto que a velocidade baixa e o esforço aumenta.
Bastas vezes tenho de baixar a cabeça para não perder o boné.
11 km e estamos debaixo da Ponte 25 de abril.
Puff...
Ao meu lado, um atleta cai de frente.
Uma atleta, com o vento é empurrada contra o gradeamento e quase cai.
Psicologicamente estou a ir abaixo.
"Enfio" um gel pela goela abaixo.
Tento esquecer.
Ainda falta tanto até ao fim desta marginal com este vento (virávamos aos 17,3 km)😒
Estava a ser penoso, não tanto pelo desgaste físico mas pelo desgaste mental.
A minha cabeça já estava a andar á roda.
De repente, sinto uma mão no meu ombro.
Olho para a minha esquerda e tenho o João Lima!
- Então Mike estás cá?
- Oh João estou muito cansado e quase morto. Hoje vim sozinho porque a Teresinha está doente.
- Eu vi uma camisola Happyrun e vi logo que eras tu, diz o João
A verdade é que, naquele momento, aquela mão no ombro foi o "doping" que precisava.
Alguém que me fizesse companhia para levantar o moral.
E assim foi.
Corríamos juntos, íamos ao mesmo ritmo, tudo bem.
Por volta do km 14 (mais coisa menos coisa), a tempestade Félix deixa  a sua marca.
Um tempestade de granizo e vento fortíssimo abala sobre nós.
Pareciam pedras pelo corpo abaixo!
Para o "prato" ficar completo, um vento fortíssimo nos fustiga.
Baixo a cabeça, agarro no boné e,................ siga.
Foram 2 a 3 minutos neste calvário.
Passa o sofrimento e volta o sol.
Apanhar uma tempestade destas só me lembro de uma só vez ter acontecido; foi na Wings for life word run no Porto em maio de 2015.
O João só me dizia " o meu objetivo é chegar com o boné ao fim"
Siga.
João mostra-me a pulseira que levava da maratona de Valência (levava-a para dar sorte) pois vai lá fazer a maratona no fim deste ano.
Ofereço-lhe o que tinha (gel, mel e barra) ao que João declina pois teria que ler primeiro a composição do alimento pois tem uma alergia a qualquer coisa (disse-me qual mas já não me lembro).
Falo-lhe da minha experiência na meia de Valência, local fantástico para correr pois o apoio do público é enorme.
Lá fomos em amena cavaqueira  (eu a contar as minhas histórias do hóquei em patins e o João pacientemente a ouvir) e os km a passarem.
Pergunto-lhe pelos amigos dele ao que ele responde que vinham lá atrás
Voltamos em Algés aos 17,3 km e passamos a apanhar o vento pelas costas.
Aí, quase que numa cumplicidade, como dizer, " vamos lá agora terminar em beleza", deixamos de falar e aumentamos o ritmo.
Andamos bem os últimos km , ainda ultrapassamos uns tantos e, ao passar no km 20 diz o João "esta já está feita"
Mais uns minutos a dar-lhe bem e, já estamos na reta da meta.
Já tá.
Feito.
Damos um abraço sentido de "dever cumprido"
Tiramos umas fotos e recebemos a medalha (bem bonita), banana, saco e um gelado.
João, simpaticamente, dá-me o gelado para a Teresinha
Falamos das nossas próximas corridas e o João confessa que até junho tem todos os domingos ocupados com provas.
E, não é que me começa a dizê-las todas sequencialmente!!!


                           
                                 Mike e João felizes após mais uma meia maratona terminada



                                             Agora com as medalhas (bem merecidas)


Nós vamos fazer a corrida do Pai (já neste domingo próximo) e as meias maratonas de Berlim (a 8 abril) e Viena (a 22 abril).
Teresinha estava á minha espera em casa, banho quentinho e fomos almoçar a Sintra (no restaurante "Apeadeiro" com uma boa comida e uma simpatia dos funcionários fora do comum).
Á noite, jantar com o meu sobrinho Miguelito (que está em Lisboa a tirar o mestrado) e na segunda feira ainda fomos dar uma volta a Cascais (metemos um dia de férias), viagem de regresso e treino (tem de ser😊).
A organização esteve muito bem: alterou a partida (não tinha alternativa), não colocou pórtico na partida (se o tivesse posto tinha ido pelo ar devido ao vento fortíssimo), muitos abastecimentos  (água, bebida isotónica, gel, banana e laranja).
Antes dos "finalmentes" umas palavrinhas para o João Lima: foi uma agradável companhia (não me deixou cair ao "poço" a que estava a cair) e, constatei a quantidade de atletas que o conhecem. Sempre com saudações, até de populares a verem a corrida.
Fantástico!
Obrigado João.
Finalmentes:
Terminaram a prova 9191 atletas
Mike, tempo de 02:06:47, lugar 5512 da geral e, no seu escalão (M60), lugar 150 em 260
João Lima, tempo de 02:05:09, lugar 5511 da geral e , no seu escalão (M55), lugar 294 em 471
Para os menos entendidos, isto são tempos reais, o que quer dizer que o João partiu mais atrás.
Vencedor masculino: Erik Kiptanin com 01:00:04
Vencedora feminina: Aoife Cooke com 01:20:27
Melhor português: Bruno Paixão com 01:07:15
Melhor portuguesa: Filomena Costa com 01:16:43
Meu relógio marcou 21,27 km de prova
E pronto.
È tudo.
Era tudo.
Antes de terminar quero dizer que tive muita pena de não atravessar o Tejo a correr na Ponte e, como a Teresinha também não correu, talvez venhamos cá para o ano.
Quem sabe!
Beijinhos e abraços
MIKE
2018.março



























4 comentários:

  1. Muito bom mesmo!!
    Foi uma "epopeia", aconteceu de tudo um pouco.
    Mas a dos calções ao contrário foi o máximo :)
    Bom descanso, recuperação, um abraço...e a aguardar os próximos capítulos (provas).

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    1. Caro amigo,
      Estamos (todos) é á espera de voltar a ter a companhia nas provas de tão ilustre atleta.
      Ok?
      Vale?
      Grande abraço

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  2. Ora isto é que é um relato pormenorizado e completo!

    Eh eh, essa dos calções não me contaste na prova :)

    Dizes que fui uma ajuda mas olha que foi reciproca. Já estava a quebrar e assim aguentei-me. E gostei imenso de ouvir as histórias do Hóquei!

    Duas pequenas rectificações: O local do retorno é Cais do Sodré, Santos é na recta que lá vai dar. E terminaram 9.191 atletas, sendo a melhor portuguesa Filomena Costa com 1.16.43 (é que as 20 da elite feminina estão numa classificação à parte da nossa)

    A grande vantagem de não termos passado a Ponte é que assim tens que regressar e podemos fazer outra vez a Meia juntos! :)

    Um abraço e muita força para o Dia do Pai e para as duas Meias em locais tão belos!

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    1. Obrigada pela retificação. Irei atualizar.
      Sabes João, é assim: sozinho corro mais depressa mas junto corro mais longe.
      É isso.
      Grande abraço
      MIKE

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