quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

25ª Médio Maratón Sevilha - promessa cumprida



Depois de uma hora e dez minutos de voo, estamos a aterrar em Sevilha.
Há um ano atrás tínhamos ficado com uma espinha atravessada na garganta quando, ao fim de 10.6K tivemos de desistir.
Relembrando:
Estamos em janeiro de 2019, quinze dias de gripe, zero de treinos, viagem, hotel e prova já pagas e, a decisão foi iniciar a meia maratona de Sevilha assim mesmo nestas precárias condições.
Vamos lá ver o que dá para fazer.
Deu para fazer meia de meia maratona.
Aos 10.6K, foi parar e, ............ desistir.😕
Custa.
Custa e, ......... muito.
Logo aí, fiz uma promessa: para o ano cá estamos novamente.
Tinha de ser.
Então, dizia eu, sexta, 24 de janeiro já estávamos a pisar a terrinha de Sevilha.
Chuva e frio, muito frio era o que nos esperava.
Sábado, com a chuva a incomodar, lá fomos ao Centro Deportivo San Pablo levantar os dorsais.
É interessante quando já conhecemos os lugares, parece que estamos em casa, tudo nos é familiar.
Como já sabíamos, é uma feira relativamente modesta, nada de especial mas, o que se passa é que como já conhecemos tantas, o grau de exigência aumenta, não é?
Bom, levantamos os dorsais normalmente e, lá tiramos a foto da praxe,


                                                          Os portugas em Sevilha

Íamos a sair do pavilhão e verifiquei que havia uma fila (já grandinha) onde os da frente estavam a receber umas garrafas que alguém lá no fundo, estava a distribuir.
Pela cor delas, pensava que era isotónico.
Ok, vamos lá para a fila pois dá jeito, dá.
Andamos, andamos, cada vez mais próximo e, afinal não era isotónico.
Estavam a distribuir duas garrafas de cerveja a cada atleta.
Ah e, agora?
Bom, lá vou, ou antes, lá vamos, fazer figura de palerminhas, vamos sair da fila disfarçadamente e, vamos embora.
Pois é.
Não bebemos álcool e para que queria ir carregado com quatro garrafas se as não ia beber?
Imagino a figurinha que fizemos ali para muitos atletas, daqueles que "trabalham" bem com cerveja a verem aqueles dois, como disse, aqueles dois palermas a desperdiçarem tamanha benesse! 😖
Enfim, aqui ninguém nos conhece, a sair só nos ríamos pois também pensava que, quando contasse esta história aqui, teria também uma quantidade de "leitores" a chamarem-me palerma e outros atributos impublicáveis. 😉
Dia de chuva (e frio) com uma pequena aberta que deu para ir até ao centro passear um pouco.
Ao chegar ao Hotel (ás 19H30), coincidência das coincidências!
Como o ano passado, lá estava a equipa do Sevilha a sair do Hotel Meliá Lebreros para o Estádio Sanchez Pijuan (é, o Estádio fica a 300 metros do Hotel mas vão de autocarro) para jogarem, desta vez, com o Granada que tem na baliza o portuga Ruizinho, amigo do Diogo.
Já agora, o Sevilha é treinado atualmente pelo Totopegui, Pepetegui, ou lá como se chama ele (lembram-se daquela rábula do nome dele inventada pelo Jorge Jesus há uns anos atrás? 😀)
Jantar de massinha (comme il fault !) bem pertinho do Hotel para estra resguardado da chuva e do frio.

                       
                                      A camisola a que tivemos direito com os dorsais


Teresinha esteve parada desde 15 de novembro a 31 de dezembro de 2019
Só começou a treinar a 1 de janeiro e, já está a competir para 21K!
Perante este cenário, então combinamos ir em ritmo tranquilo para que pudesse chegar ao fim.
Depois de uma noite mal dormida (já confessei que não consigo dormir profundamente antes das provas), domingo, a alvorada foi ás 06:40 !
Pequeno almoço habitual, equipar, rever tudo para não faltar nada e, saída do Hotel ás 07H45
Mas que frio !
Brrrrrr
Tanto frio que nem hesitei em levar calças pois, estavam 5 graus de temperatura e com um ventinho de cortar e, claro os sacos de lixo pela cabeça abaixo que o frio não estava para brincadeiras.
Nem sentia as minhas ricas orelhas!
A correr até ao metro (era logo ali), viagem de quatro minutos e já estamos a saír em Puerta Jerez.
Ui, temos aqui mesmo o rio em frente e não o vemos?
Pois não.
Agora, além do frio intenso também estava um nevoeiro cerrado !
Ok, vamos lá caminhar (apressado para aquecer) até ao Paseo de Las Delícias.
É uma "viagem" de 1K
A entrada só se pode fazer pelo fim da última caixa.
Lá chegados, uma surpresa!
Uma grande fila para entrar.
Fila?
Mas o que se passa?
Ora bem, aqueles inteligentes tinham grades a impedir a entrada e, só por uma "porta" o poderíamos fazer .
Aí, tinham apenas dois seguranças a revistarem as sacolas que entravam com a roupa para mudar.
Apenas dois seguranças e, para tanta gente?
A revistar?
A mim, apalparam o saco e, ............ entra.
A isto chamam eles uma revista !
Bom, no meio daquele aperto todo, pelo menos deu para aquecer 😋
Lá fomos ao guarda roupa, saco no sítio e, vamos lá para a boxe 4 que é a nossa (de 1H50 a 2H00)
Iniciamos logo o aquecimento (era bem preciso) e, quando estava a fazer alongamentos, do lado de lá das grades vejo um casal de atletas do  "Correr Lisboa".
"Então, também vieram?"
Isto foi o mote para dois dedos de conversa com um casal muito simpático que também já lá tinham estado o ano passado (iam para a boxe 3).


                                                      Pois, tá frio, não tá? Nota-se.

Ah, então o que nos esperava?

- 25ª Médio Maratón de Sevilha
- 09H00
- 2020.01.26


                               O itinerário (início no azul e términus no vermelho)


Tudo a postos.
Partida.
Bom, partida para a Élite porque nós, cá atrás, ainda estamos parados.
Lá começamos a andar, a meta já se vê, já lá estamos e, o relógio já marca 03:19
Estamos numa grande Avenida, larga, o que dá muito jeito na partida.
Vamos tranquilos, sem esforço e o nevoeiro não nos larga.
K1,.... K2,.... K3, olho para o relógio e tenho 05:50 (ritmo médio).
Ok, assim está bem, nada de esforçar no início e, o interesse é manter.
Estamos mesmo ao lado do Canal Alfonso XIII ( o Rio Gualdalquivir é do lado de lá), K4 e já estamos na Ponte de La Barqueta
Passada a ponte, damos de frente com  a entrada para a Isla Mágica (parque de diversões).
Lembrava-me bem de todo este itinerário feito o ano passado.
K5, abastecimento e um raio de sol aparece.
Até que enfim!
Não aquece o corpo ( o frio era intenso) mas aquece a alma.
Pois, mas tanto aparece como desaparece.
Ao K7, o sol ,.................. vai-se novamente 😟
Meto a mão ao bolso e tomo a minha primeira "bomba" de gel.
Olho novamente para o relógio: 05:50
05.50 !
Mas, estamos a manter o mesmo ritmo desde o início?!!!!
Siga.
Continuamos tranquilos, mesmo sem esforço que se notasse e lá íamos no pelotão.
Estamos no Barrio León, K9, ...... K10 e, já estamos a atravessar a ponte Ponte de Los Remédios.
Aqui, muita gente mesmo a incentivar.
Estamos a sair da ponte, virar á esquerda e, lembrei-me bem da tristeza que foi o ano passado, parar, furar a multidão e, ............ desistir.😒
Ah, desta vez ia de cabeça bem levantada e, foi um prazer ouvir todos aqueles incentivos e ,......... continuar.
K11, ...... K12 e, o sol aparece novamente !
Seja benvindo.
Olho novamente para o relógio.
05:50
Não pode!
Continuamos com o mesmo ritmo desde o início?
Tenho um Tomtom ou, tenho um relógio suíço?
De repente ouço á minha direita alguém a falar português.
Olho e vejo duas camisolas do Montepio.
Ah, lembrei-me logo do meu amigo Nuno Sanfins que trabalha neste banco que anda atualmente nas bocas do mundo.
K13 e lá vai a segunda "bomba" de gel.
A verdade é que não sentia alteração de ritmo á medida que passavam os kilómetros.
K15, abastecimento e no tempo de 01:27:29
Teresinha nada dizia, rolava sempre com aquele ar de leveza de quem pesa ,.......... oh não sei quanto pesa (escusava passar por estas vergonhas)!
Bom, pesa pouco ou, como diria o outro, poucochinho 😊
O público sempre nas bermas a apoiar e nós a rolar.
A partir de agora passamos a ultrapassar atletas.
Ah, é muito boa sensação na parte final "comer" assim uns que iam desde o início á nossa frente.
K17 e estamos a passar no Espacio Metropol Parasol que é um local onde construíram uma enorme arcada toda de madeira sobre uma grande praça.


                                            Aqui estamos nós a passar debaixo do Parasol

Virar á esquerda e estamos na direção da Catedral de Sevilha.
Estava mesmo bem.
K18 e estamos a passar no coração de Sevilha.
É muito agradável este itinerário, dá a sensação que a cidade é toda nossa.
Lá estão os cavalos com as charretes atreladas todos parados a "apreciarem" estes malucos do asfalto.
Os cavalos devem estar, devem, agora os donos dos cavalos é que não devem achar lá muita piada,  serem impedidos de trabalhar, ou seja, de faturar.
Bom, K19 e já estamos a passar ao lado do Jardin de Las Poetas.
Aqui, sem nada dizer, acelero e tomo a dianteira á Teresinha aí uns quatro, cinco metros e ando assim durante uns bons segundos.
Olhava para o meu lado esquerdo e ela não aparecia.
Olhei para trás e lá vinha ela. Com a mão, sem abrir a boca, diz-me que não.
Ok.
Percebido
Não quis arriscar aumentar o ritmo depois de tanto tempo parada.
Tudo bem.
Voltemos á primeira forma, ritmo de cruzeiro.
Sol volta a fugir e passamos a ter novamente o nevoeiro.
Entramos no Parque de Maria Luísa (muito linda paisagem),

                               
                                            Na Praça de Espanha dentro do Parque Maria Luísa

Falta pouco.
Já estamos a descer para  a reta da meta, virar á esquerda e, aí está ela ali ao fundo.


                                                    A escassos 200 metros da meta

Siga, falta pouco, falta pouco.


                                   O prazer de pisar a "alcatifa" final num último esforço

Yes.
Yes.
Já tá.
Logo, logo, após parar, Teresinha dispara: "não sei como consegui fazer uma meia maratona com tão poucos treinos".
Pois não sabes não mas, eu sei.
Tomara ter eu metade da tua capacidade 👍
Lá está o saco da organização á nossa espera, mais medalha e, aquela cobertura quentinha para o corpo (hoje estou mesmo uma nódoa, não me lembro do nome daquilo 😞 )


                                     Ah, cá está a medalha que me fugiu o ano passado


É verdade.
Não estávamos cansados.
Não me lembro de ter terminado uma meia maratona em tão boas condições.
Mudar a roupa (é o que sabe melhor, vestir roupa enxuta depois de duas horas a correr), caminhada de 1K até ao metro , sair em Nervion e Hotel.
Tarde lindíssima de sol (embora fria) a passear no centro de Sevilha que, vale bem uma visita.
Segunda, com mais um dia de férias a ser esgotado, "arrivamos" a casa.
Ah, antes dos finalmente aqui vai uma curiosidade: nunca tínhamos feito uma prova com tanta regularidade.
Só para memória futura aqui vão os tempos de 5 e 5K, ou seja, dos 0 aos 20K:
- 29:16
- 29:05
- 29:08
- 28:39
Incrível como conseguimos ser tão regulares e, ainda por cima os últimos 5K foram os melhores!

Então, os finalmentes,
- terminaram a prova 9455 atletas
- Teresinha, tempo de 02:04:28, lugar 7607 da geral e, no seu escalão (F60), lugar 14 em 25
- Mike, tempo de 02:04:29, lugar 7610 da geral e, no seu escalão (M60), lugar 98 em 134

Vencedor: Eyob Fanyel (italiano) , com o tempo de 01.00:44 (novo record desta prova)
Vencedora: Izabela Trzaskalska (polaca), com o tempo de 01:11:09


Por fim a medalha (merece uma foto),


                                        Muito suor, muito suor para a merecer 😏



E pronto, é tudo.
Esta é a crónica da promessa cumprida.
Bjs e abraços
MIKE
2020.janeiro












2 comentários:

  1. Foi uma fantástica forma de colocarem para trás das costas o ano passado. Muitos parabéns aos dois e em especial à Teresinha pela maneira como regressou!
    Impressionante a forma como mantiveram o ritmo, autênticos relógios suíços :)
    E a medalha é linda!

    Não sei se foram visitar essa construção em madeira, a Metropol Parasol. Tem uma linda vista que abrange toda a cidade.

    Grande abraço e uma excelente continuação aos dois :)

    ps - Não, não vou chamar palerma por causa da história das cervejas pois eu teria feito o mesmo. Também não bebo álcool.

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  2. Caro João,
    Sim, fomos visitar o Metropol Parasol no domingo de tarde. A cidade é bastante linda.
    Bons treinos e um gr abraço, "regado" a ....... água :)

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