sexta-feira, 27 de abril de 2018

35ª meia maratona de Viena. 31 anos depois.........



Sexta feira, 20 de abril
Teresinha e este escriba, Mike de seu nome, depois de voarem desde o Porto (com escala em Frankfurt), acabam de colocar os seus pezinhos em solo austríaco.
É verdade.
Estamos em Viena.
31 anos depois de aqui ter estado (era um jovenzinho), para presenciar uma das mais emocionantes vitórias internacionais do meu Porto, o que me passa pela cabeça é o "filme" das sensações que tive em que, lembro-me bem, chorei como, sói dizer-se, uma autêntica "Madalena" ao ver a Taça dos Clubes Campeões Europeus nas mãos dos dragões.
Enfim, o tempo passa a uma velocidade estonteante.
Bom, bus direto, metro e já estamos a nos instalar no "25 hours hotel at Museums Quartier" mesmo ao lado do Rathaus.
Alojados, lá fomos ainda para uma voltinha á cidade.


Sábado, 21 de abril
Pequeno almoço tomado, ou seja, estômago afagado e lá fomos de metro (linha U2) até á estação de Krieau até á chamada Messe Viena onde iríamos levantar os dorsais.
Saímos da estação e damos logo de caras com a entrada.
Enorme espaço com muito movimento tantos eram os atletas inscritos para a prova.
Deparamos logo com o stand da Adidas que estava muito concorrido e alegre.
Ora, desta vez a Adidas teve uma ideia brilhante: oferecia a todos um copo de fruta triturada mas, eram os visitantes que tinham que "trabalhar" para a poderem degustar.
Ora, como era?
Escolhíamos a fruta (nós fomos para os kivis), eles colocavam-na no recipiente (triturador), esse triturador era colocado numa bicicleta e, pela força exercida nos pedais, o triturador começava a trabalhar.
Oh,..... para que estou eu aqui com toda esta treta se uma imagem vale mais que mil palavras.
Aqui vai:

Teresinha já a dar o seu melhor na arte de pedalar



Claro que não ia ficar atrás e também dei á perna,

                                        Mike a 100 á hora para triturar todos os kivis

Ora aí está.
Uma ideia genial e, pensei logo em trazer a "máquina" para casa.
Teria a sua piada pôr os nossos amigos lá em casa a pedalarem para poderem beber suminho 😋
E, estava delicioso?
Yes.

                                                       Ui,..............  soube mesmo bem 😀


Lá andamos ás voltas a apreciar todos os stands e, por fim, lá fomos levantar os dorsais.

                                  Aqui estamos nós com os nossos dorsais de Viena

"Ok, ali ao fundo levantam as camisolas", indica a funcionária.
Lá fomos levantar as ditas cujas camisolas e, a austríaca entrega-me uma camisola "M" mas de Woman!
"Oh,.... aqui há engano, a minha é de Men", digo eu.
Ela, imperturbável, aponta o indicador para a lista que tem ali á sua frente e mostra-me.
"M" de Woman.
Era o que ali estava.
Insisto (sorridente) que não podia ser, tinha de ser "M" de muito Matcho mas, ela,.......... nada.
Moral da história: ao fazer a inscrição enganei-me e, de facto, errei.
Como Berdadeiro portuga que sou, não podia desistir assim facilmente.
"Chama lá a chefe disto que quero falar com ela", digo eu já a perder a paciência.
Aparece uma ainda pior que ela com aquela cara dura de alemã e eu a ver a minha vida a andar para trás.
Blá,.... blá,... blá...... e, nada.
Ainda lhe digo que era a primeira vez que me chamavam de mulher mas, ela não achou piada (era para ter?) e, lá tive que trazer na sacola uma camisola de mulher.
É para aprenderes a estares mais atento quando fazes a inscrição, diz-me o meu "eu".
Ok.
Volta para o Hotel e, lá vamos nós passear novamente.
Jantar como de costume, massa no Vapiano e deitar cedinho que amanhã é o grande dia.



Domingo, 22 de abril
Então, o que nos esperava?

- 35ª meia maratona de Viena
- 21,097 km
- 9 horas

Alvorada cedo (06H45) para poder tomar banho, fazer aquilo que ninguém pode fazer por nós e tomar o pequeno almoço com tempo para fazer a digestão.
Tudo ok e lá vamos nós para a estação do metro.
Logo á saída do hotel já estavam na rua atletas a se dirigirem para a estação.
A temperatura já estava elevada para a hora e, já "via" que nos tínhamos que debater com o calor.
Carruagem totalmente cheia com atletas e, lá chegamos á estação de Kaisermuhlen.
Ui,........ que multidão!
Teresinha ainda vai á casa de banho (a fila já estava alongada), aquecemos um pouco (não muito) e, lá vamos nós para a nossa caixa.

                                     Na caixa de partida, prontos para enfrentar os 21 km e o calor


Ora, nesta prova tínhamos a maratona, meia maratona e o relay (como eles chamam aqui) que era a maratona por estafetas.
Imaginem só a quantidade de atletas que eram!
A partida era dada em duas faixas enormes com a saída logo a atravessar a ponte Reichsbrucke sobre o Danúbio.
E o calor a apertar.
24 graus já lá estavam nas nossas cabeças!
Em Portugal sabíamos que estava a chover e, nós ali, no centro da Europa, em pelo abril com aquele calor!
Avançam os de atletas de Élite e depois os da faixa esquerda (nós estávamos na direita).
Ora, assim sendo, iríamos ficar bem para trás no início.
Lá vamos nós.
Já estamos em cima da ponte (com umas vistas lindíssimas) mas, o "trânsito" era imenso.
Pelotão mesmo compacto.

                             Inicio da prova a passarmos a ponte Reichsbrucke

km 1 já feito logo á saída da ponte, km 2, rotunda e virar á esquerda.
Uff!
Mas isto vai ser sempre assim?, perguntava eu.
Sim, nunca estive num pelotão tão compacto como este.
Ultrapassar era difícil, ou antes, dificílimo e, já estava a ver o filme: isto vai ser no arranca e pára.
Como tínhamos atletas da maratona, meia e relay, estávamos a apanhar muitos lentos que eram da maratona.
Já estava a "bufar" pois me estava a "desgastar" com a preocupação de não tocar em ninguém e que ninguém me tocasse.
Siga.
Aos 5 km já temos o primeiro abastecimento.
Oh!,...... o que é aquilo?
Aquilo era um magote de atletas parados na estrada a ocuparem-na toda.
Como é possível?
Pois eles tinham aí umas quatro ou cinco mesas com copos de água para o abastecimento.
Ora, como éramos tantos e tantos, a rua "entupiu"!
Para ter água, foi uma luta de "cotovelos" para lá chegar.
Agora imaginem a Teresinha com aquele físico a lutar com aqueles grandalhões!
Enfim, ritmo quebrado, água mal bebida e, agora a pisar milhares de copos no chão (não, não estou a exagerar, não) e,.................. siga.
Mas, como é possível uma prova desta envergadura ter um abastecimento assim?
Minha nossa.
Siga.
Siga mas com um calor super abafado já a me chatear.
Difícil fazer corrida em ritmo constante pois tínhamos muito para ultrapassar e, como se isto não chegasse, a corrida era feita "ás curvas".
Já só pensava, "o próximo abastecimento também vai ser assim?"
E foi.
Nos 10 km a mesma "luta".
A mesma "luta" mas ainda  com um pormenor "delicioso": os copos com água tinham sumido e agora tínhamos era uma bacia enorme com água e copos vazios!
Paramos mesmo, "luta" de cotovelos para chegar á mesa e, aí, encher os copos com água e partir.
Uffff,......... mais cansado aqui que a dar ás pernas!
Bebi dois copos em frente á mesa, voltei a enchê-los e prossegui.
Estupefacto fiquei foi com a Teresinha ao vê-la já ao meu lado com um copo na mão!
Afinal, ela "luta" como uma padeira de Aljubarrota"
Siga.

                                             Teresinha em grande ritmo

Olho para o relógio e,....... ok,...... vamos normal par o calor e trânsito que está (10 km em mais ou menos 59 minutos).
Lá continuamos e já estamos a passar perto do Palácio de Schonbrunn e o calor a "apertar" cada vez mais.
Já sinto bem que o ar abafado me está a causar estragos.
Ai, ..... está,.... está.
Sinto que estamos a diminuir o ritmo mas, deixa-te ir na "enxurrada" e logo se vê.
Já estou a ver uma ambulância a entrar na nossa "pista" em sentido contrário, em altos berros, para socorrer uma atleta que estava deitada no chão.
Mais uns passos e mais um no chão a pedir assistência.
Olha,.......... mais outro!
O calor estava a fazer das suas, estava.
Km 15 e novo abastecimento.
Nova paragem e  nova "luta"!
Surreal isto.
Acabava de beber e tinha logo os lábios secos.
Transpirava por todos os lados, ou antes, pingava.
Bom, já falta pouco.
Olho para o relógio e já estamos no km 19 e o ritmo a diminuir.
Uma pequena descida e, no meio da estrada temos a seguinte indicação em grande placard com setas: esquerda a meia maratona, em frente a maratona.
Ok.
Andamos aí uns 100 metros e temos, no centro da estrada, um palanque com dois indivíduos lá em cima, cada um deles com uma luva grande e preta na mão a indicar: meia maratona em frente e maratona para a esquerda!
Tou maluco?
Então temos indicações contrárias?
Moral da história: nós, eramos em frente e estávamos na esquerda. Os outros eram para virar á esquerda e estavam na direita.
Tão a ver o "filme", não estão?
Naquele ponto nós a nos cruzarmos!
Oh pá,................. isto não me está a contecer.
Não acredito.
Pois é, mas foi mesmo verdade.
Enfim, depois do "descruzar", aí sim, aí já corríamos á vontade.
O problema é que faltavam 1.5 km para o final.
Bom, vamos lá acelerar para a meta.
Foi no que fizemos.
Ainda passamos uns quantos mas, já sabia que o tempo final ia ser "mauzinho"


                                               Últimos metros antes da meta

Uff,.... já tá.
Tá feito.

                                     Logo após cortar a meta ainda ofegantes com o sprint final

Fila indiana para receber água, medalha e um saco com uma banana.
Abro a garrafa de água (até que enfim que é em garrafa!), bebo um gole de sofreguidão e,..........  oh pá , esta água é com gás!
Que mal fiz eu?
Agora água com gás que não gosto?
Lá á frente distribuíam cerveja a rodos.
Ao lado, "n" mesas corridas ao sol com os respetivos bancos de madeira e era vê-los ali todos sentados a beberem cerveja alegremente😊
Como beber cerveja não é a minha praia, lá seguimos.
Mais uma foto agora com as medalhas,

                                   Não sei se estou a trincar a medalha de gozo ou de "raiva"

Lá caminhamos pelo meio daquela multidão até ao nosso Hotel que distava 400 metros da meta.
Enfim, uma prova grandiosa passando pelo meio de uma cidade não menos grandiosa mas com um abastecimento surreal.
Olho para o relógio e confirmo o tempo "pobrezinho": 02:09:44
Só foram mais 5 minutos que quinze dias antes em Berlim mas, atendendo ás peripécias da prova e ao calor (terminamos com 26 graus), digamos que até foi normal.

Finalmentes,
- Terminaram a prova 12776 atletas.
- Teresinha, tempo de 02:09:44, lugar 6421 da geral  e nos eu escalão (W60), lugar 8 em 40
- Mike, tempo de 02:09:40, lugar 6422 da geral e, no seu escalão (M60), lugar 127 em 303

Vencedores:
- Masculino: Adam Konleczny com 01:11.15
- Feminino: Michela Ciprietti com 01:22:52

Curiosidades:
- Concluiram a prova 20 portugueses
- Teresinha ficou no lugar 10 e Mike no lugar 11 no total
- Concluiram a prova 6 portuguesas, Teresinha no lugar 3
- Concluiram a prova 14 portugas, Mike no lugar 8

- Na maratona concluíram 5252 atletas
- No Relay concluíram 1251x4 atletas , o que dá 5004
- Total de atletas em prova: 23032

Bom, depois achamos que merecíamos jantar o famoso Wienner Schnitzel, prato típico da Austria, que não é mais do que um panado austríaco!
Aqui vai,


                                    Ir tão longe para comer um panado!  Só nós 😋

E pronto.
Mais uma meia feita com suor, muito suor mesmo.
Abraços e bjs
MIKE
2018.abril